Níveis de seca levam a possíveis medidas de restrição no uso da água – A importância do RNA2100 para cenarizar o futuro (in RTP3)

Intervenção de Pedro Matos Soares

Níveis de seca levam a possíveis medidas de restrição no uso da água – A importância do RNA2100 para cenarizar o futuro (in RTP3)

Cinco barragens suspenderam a produção elétrica, dada a situação de seca e consequentes níveis mínimos históricos de armazenamento. A medida de suspensão pode estender-se durante mais algum tempo e, no limite, até ao final do ano hidrológico, se a situação se mantiver. A situação de seca que Portugal atravessa poderá levar a medidas de restrição de uso de água para diversas atividades menos essenciais.

Cinco barragens suspenderam a produção elétrica, dada a situação de seca e consequentes níveis mínimos históricos de armazenamento. A medida de suspensão pode estender-se durante mais algum tempo e, no limite, até ao final do ano hidrológico, se a situação se mantiver. A situação de seca que Portugal atravessa poderá levar a medidas de restrição de uso de água para diversas atividades menos essenciais.

Portugal tem atualmente 91% do território em seca severa e extrema, dado que, no presente mês de fevereiro (e até ao dia desta reportagem da RTP) só ocorreu 7% do valor de precipitação que deveria ter ocorrido, agravando um problema de stress hídrico que se arrasta há vários meses.

O investigador Pedro Matos Soares, da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, um dos parceiros do projeto Roteiro Nacional para a Adaptação 2100 (RNA2100), faz referência à relevância do projeto para este tema, que está a ser desenvolvido em conjunto com a Agência Portuguesa do Ambiente, Banco de Portugal, Direção Geral do Território, Instituto Português do Mar e da Atmosfera e Proteção Civil Norueguesa. O RNA2100 pretende definir narrativas de evolução das vulnerabilidades e impactes das alterações climáticas, bem como a avaliação de necessidades de investimento para a adaptação e custos socioeconómicos de inação, apoiando e respondendo a exercícios de política pública de adaptação às alterações climáticas nos vários níveis de intervenção territorial, tendo a ambição de se tornar um importante potenciador da educação e sensibilização para o tema da adaptação às alterações climáticas.

O investigador explica ainda as causas deste período de seca meteorológica e aborda, em paralelo, a evolução das Alterações Climáticas, em particular do aquecimento do Ártico e dos seus efeitos neste tipo de cenários, como o desvio do anticiclone dos Açores para o Atlântico Norte, com consequências para diversos setores. O investigador adianta também que «os modelos meteorológicos (do ponto de vista da alteração da persistência e da extensão do anticiclone dos Açores) apontam para um aumento da extensão espacial do anticiclone e, portanto, do aumento da frequência da ocorrência destes fenómenos (no futuro)».

Pedro Matos Soares realça a preocupação associada à redução da precipitação em simultâneo com o aumento de temperatura previsto, que aumentará a evaporação e agravará cada vez mais este problema, reiterando a urgência da ação no plano da adaptação às alterações climáticas, numa altura em que ainda há «muita ineficiência na utilização da água», sensibilizando as pessoas para esse facto, mas também reforçando a importância de adequar as culturas ao nosso clima e monitorizar as redes de abastecimento de água, com a finalidade de minimizar perdas.

 

Para ver a reportagem aceda a: https://www.youtube.com/watch?v=aDzMC8hOVlQ